Dia do Padre – Mensagem aos Presbíteros

A Graça da Vocação: Tenho a alegria de saudar cada coirmão no ministério presbiteral. Iniciar o mês de agosto (mês das vocações) dentro do ano vocacional, no Brasil, é uma oportunidade da Graça de Deus. Dobremos os joelhos para intensificar nossa oração. Ergamos nosso olhar agradecido ao Senhor que, passando por “nossos mares”, um dia nos chamou para segui-Lo mais de perto e estar a seu serviço. A nós também, Ele nos fez “pescadores de homens”. Por Ele, por seu evangelho e pelo desejo puro, inocente e ardente de servir ao Reino, um dia, nós deixamos tudo. Depositamos n’Ele nossa vida, nosso futuro e nossos sonhos. Pelo Reino e por querer ser padre, enfrentamos tantos desafios e sofrimentos, mas sempre acreditamos que tudo valeria a pena. Não abandonemos nosso primeiro amor (cf. Ap 2, 1-5). O Ano vocacional é um Kairós para renovar nosso sim, com Maria e como Maria. Jesus continua a nos chamar. 

A espiritualidade presbiteral tem sua fonte primeira na amizade e no diálogo contínuo com o Senhor. A Palavra e a Eucaristia são alimento diário. As tantas celebrações que presidimos, são momentos da “Graça Santificante” para as comunidades e para cada fiel. Mas o são também para o ministro, para nós, “dispensadores” da abundante Graça da santidade de Deus. Por isso, caros irmãos, as celebrações e todos os momentos que vivemos com o povo fiel de nossas comunidades não são “funções” do ofício apenas, mas momentos diários de nossa espiritualidade. A contínua atenção e dedicação no ministério tornam-se espaços da Graça, capazes de nos tirar da rotina semanal ou mensal, ou da tentação de agir de forma automática e habitual, como se fôssemos simples “funcionários do sagrado”. Recordemos que nosso sim é diário. Nossa busca de santidade é contínua, pois o Amor que nos chama nos desperta cada dia e nos convida a amá-lo. “Toda manhã o Senhor desperta meus ouvidos para que, como um bom discípulo, eu preste atenção” (Is 50, 4b).

Do amor do Bom Pastor brota em nós a força e o querer decidido a servir. Para o Cristo – o Bom Pastor – não existem ovelhas perdidas. Os incontáveis santos pastores da Igreja nos indicam o caminho para sermos guias fiéis e abnegados do rebanho. Ao celebramos São João Maria Vianney, o Cura D’Ars, encontramos nele um exemplo próximo e possível de santidade. O que o fez santo, bem o sabemos, não foram os grandes dotes intelectuais ou de oratória, ou coisas extraordinárias. Ele fez extraordinariamente bem o ordinário de um padre de campanha. Na expressão do Papa Francisco, “ele foi um pastor com o cheiro das ovelhas”. E seus fiéis, tinham o odor do Bom Pastor; inclusive os mais arredios e incrédulos curvaram-se à sua santidade. Recordemos sempre que somos “homens de Deus” e consagrados ministros para o cuidado do rebanho. Não somos melhores que os demais, mas o Senhor nos constituiu para servir sem reservas em sua Igreja. “O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11).

O chamado de Jesus tem uma dimensão comunitária. Desde o começo Ele “constituiu doze para serem apóstolos”. Também o presbítero recebe um chamado pessoal, que adquire uma dimensão comunitária. O padre não está sozinho. Pelo seu ministério, é o grande construtor de comunidade e fraternidade. É um pai espiritual; ao mesmo tempo, é irmão dos demais presbíteros. O padre faz parte de uma família, de irmãos que formam o corpo presbiteral da diocese. A fraternidade presbiteral é parte de nosso sim e da graça do sacramento ministerial que recebemos. Em nosso sim, em nossa ordenação, abraçamos os irmãos que formam o presbitério e por eles fomos abraçados como irmãos. É certo que o “Senhor não veio ocupar-se de anjos, mas dos homens”. Nós não somos anjos, mas a graça do Senhor nos doa os irmãos. 

A fraternidade presbiteral, que é graça e dom concedido, é também construção, ou seja, depende de cada qual fazer com que ela aconteça. É preciso educar-se para formar em nós um ambiente fraterno. “É graça e missão”. Por isso, é compromisso de cada um a participação nos eventos, encontros, retiros, assembleias e iniciativas que favoreçam a fraternidade entre os padres. É bom lembrar que momentos de lazer ou o simples fato de encontrar-se para uma refeição, também favorecem o estreitamento de amizade e o sentir-se membro do clero e irmão dos padres. Como bispo, peço que cada um procure participar em tudo, cultivando assim o verdadeiro espírito de pertença e unidade, recordando a Palavra de Deus que nos diz: “Como é bom, como é agradável para os irmãos unidos viverem juntos” (Sl 133, 1). E sabemos que o testemunho de padres felizes e irmãos é um grande incentivo para a animação vocacional dos jovens. “É como o orvalho do Hermon” (Sl 133, 3) que se estende sobre as comunidades. 

Os inúmeros compromissos e serviços pastorais que ocupam a vida de um padre são sempre mais fecundos, se vividos na santidade. Quantos belos exemplos de padres plenamente realizados em sua missão. Quantos relatos de fiéis que têm nos seus padres uma história de vida agradecida e testemunham a eficaz fecundidade do ministério presbiteral. Vale a pena ser padre. E vale a pena ser um padre santo. Eu poderia apontar inúmeras dificuldades, cruzes, situações pelas quais passam os padres, mas não é minha intenção aqui. Quero que o Dia do Padre, neste 04 agosto e celebrado no próximo domingo, dentro do mês vocacional, seja para recordar a beleza da vocação sacerdotal e a Graça que Deus nos concede de ser padre. Que a Virgem Maria, modelo do sim generoso e alegre, inspire e guie nosso serviço sacerdotal na Igreja. Nosso coração se aqueça no coração de Jesus, para que os pés trilhem o caminho da missão. 

FELIZ DIA DO PADRE. MUITO OBRIGADO. DEUS ABENÇOE A CADA UM.

Com estima fraterna e minha bênção paternal. 

Tubarão, 04 de agosto de 2023

Dom Adilson Pedro Busin, CS
Bispo da Diocese de Tubarão